domingo, 23 de outubro de 2011

Valha-nos Deus

RessurreiçãoA religiosidade de Passos Coelho é uma bênção neste bocado de terra. A teologia que aprendeu mal, o que lhe provoca o impedimento de raciocinar decentemente, leva-o a preferir a dicotomia bem/mal, desconsiderando o saber de que todos os seres humanos são filhos de Deus e fazendo-o entender que os trabalhadores do Estado são o mal, em oposição aos do privado.

É esta religião por si mal compreendida que o levou a evocar Deus quando soube que o seu mestre-escola declarou que ele praticava a iniquidade. É essa moral mal captada que não lhe mete a mão na consciência quando ele pratica o contrário do mandamento que diz: Não roubarás.

É que Passos Coelho e Paulo Portas e pelos vistos também a senhora do banco alimentar, Isabel Jonet, que melhor faria em estar calada para evitar más vontades que levem o Banco Alimentar a não ter os sucessos do passado, não conseguem entender que os vencimentos são calculados anualmente e que os 13º e 14º mês, ao contrário do que se pretende quando os designam como "subsídios", entram nesse cálculo. Não é o facto desse vencimento ser dividido por 14 e não por 12, como deveria ser, que faz deles um suplemento. Se ela assim entendesse, facilmente teria percebido que o que se está a passar é um abuso ilegal por parte do patrão-estado, uma vez não se tratar de um imposto (se o fosse tinha de ser aplicado a todos os trabalhadores independentemente da entidade patronal para quem trabalham), e que a aplicação desta medida escancara a possibilidade de, a partir de agora, o Governo poder unilateralmente decidir que também não pagará o mês de Janeiro, Fevereiro ou qualquer outro que lhe venha a passar pela cabeça.

Valha-nos Deus, porque quem entrevista esta gente nunca é capaz de nos fazer esse favor. Valha-nos Deus, porque quem é entrevistado não faz a mínima ideia de que as relações de trabalho têm regras de conduta legais.
LNT
[0.473/2011]

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