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terça-feira, 4 de outubro de 2011

Robótica

RobôtObservo que a maioria dos jovens com que me cruzo na rua estão ligados a uma coisa qualquer que os faz abanar a cabeça, ondular os membros ou falar sem cessar como se esse falar desmaterializado fizesse sentido para quem os rodeia.

Percebo a necessidade de estar ligado. Faz evitar a temida introspecção que assusta quando se fala para dentro e se recebe, de retorno, a voz do pensamento.

Sei que, na urbe, o nosso próximo não é o que está ao lado, mas aflige ver tanta gente com ar vazio fixado na transparência dos outros em vez de lhes espreitar os olhos.

Parecem entidades ligadas ao mundo por fios que lhes saem pelas orelhas e por onde recebem remotamente todas as ordens de comando.
LNT
[0.422/2011]

terça-feira, 26 de abril de 2011

Mundo novo

Alentejo


No passado fim-de-semana calhou cair no meio de um happenig no Alentejo que reuniu meia centena de investigadores, cientistas e professores das mais diversas nacionalidades.

A ideia que ficaria a quem os visse entrar e sair da herdade onde se concentravam na quase fronteira, para as bandas de Ficalho, era a de que se tratava de uma comunidade de pé-descalços, meio-hippies, com filhos a tiracolo, lama nos jeans, uma espécie de retorno aos anos sessenta sem flores na cabeça e com telemóveis e máquinas digitais nessa altura inimagináveis. No entanto estava ali reunida uma imensidade de neurónios bem treinados e criadores de muita da ciência que se desenvolve no País de Gales, nos Estados Unidos, na Grã-Bretanha, em Espanha, em França, no Vietname, na Rússia, na Alemanha, em Portugal, etc. e que se tornaram amigos em doutoramentos e centros de investigação de uma das principais Universidades de Gales.

Gente descomplexada, com costumes diferentes, omnívoros, vegetarianos, católicos, pagãos, muçulmanos, hindus, judeus, o que quer que fossem, tranquilos, bem-dispostos, acampados, alojados, cheios de tecnologia, a jogar ao disco, a tomar banho na barragem, a beber copos e a comer (muito). Vietnamitas que trabalham em Londres, Ingleses que trabalham na Índia, Franceses que trabalham nos Estados Unidos, Portugueses que trabalham em Gales, Russos que trabalham na Holanda e por aí fora, sem estarem à rasca, satisfeitos com a vida e prontos para ainda fazerem, nesta semana que começa, uma descida da costa alentejana à procura de ondas para surfar.

Gente dos vinte e tal, trintas, sem peneiras das habilitações literárias e dos conhecimentos que possuem, habituados à normalidade de serem tratados pelo primeiro nome e não pelo título académico.

Dei por mim no meio desse happening onde passei o Sábado de Aleluia a pensar que ainda temos muito para andar. Muita cabeça para reformular e muito chorinho português, deste Portugal dos pequenitos, por reformatar à imagem de um Mundo onde não cabe o faducho barato, nem os pobrezinhos, coitadinhos e todos os outros inhos e inhosinhos deolindos-parvos, ou dos outros, de que falava o poeta ou de que insistem em falar os pupilos do espectro de Santa Comba.
LNT
[0.139/2011]

domingo, 8 de novembro de 2009

Uma questão de intolerância

Direito à diferençaA estória do casamento dentro do mesmo género, os apelos ao seu referendo, as paixões e polémicas que à volta do assunto se levantam, são o resultado da intolerância que continua a ser marca indelével de alguma mentalidade conservadora que se recusa a admitir o que lhe é diferente e lhe fura a formatação missionária milenar de tentar impor costumes padronizados na sua moral.

Esta questão devia estar resolvida há muito e, não o estando, deve ser resolvida com brevidade e sem demagogia política, até por já ter sido sufragada, uma vez que trata de direitos que a ninguém obrigam, mas que têm de ser reconhecidos por serem matéria relacionada com a felicidade, com o amor e com a vida privada de cada um, no âmbito dos direitos, liberdades e garantias dos cidadãos.

Não é uma matéria de direita ou de esquerda.

É um assunto transversal da sociedade que requer um tratamento de direito para que haja justiça e se deixe de marginalizar o que cabe no preceito constitucional da não discriminação.
LNT
[0.709/2009]