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segunda-feira, 6 de maio de 2013

Limpinho

Tachos furnasAs homilias televisivas dos fins de semana recorrem cada vez mais aos ensinamentos do Apocalipse. É pena porque, entre um ex-pretendente a Primeiro-Ministro, um ex-pretendente a qualquer coisa (fosse Governo, Poder Local ou nadador-salvador) e um ex-Primeiro-Ministro, poderia haver massa crítica mobilizadora de vontades para se dar a volta a isto.

A questão, é limpinho, é que nenhum deles está ali para apontar caminhos ou incutir esperança e todos têm em comum a ânsia de protagonismo que imaginam ainda os poder guinar a passeios celestiais pelo paraíso em que vivem.

É limpinha a forma como trazem recados sem consequência, uns disfarçados de arbustos, os outros disfarçados de moitas e os outros disfarçados de silvas ferozes. Serve-lhes tudo, desde o anúncio de reuniões da competência do malfadado Presidente eleito pela abstenção, desde o repisar de frustrações (que para o efeito não aquecem, nem arrefecem) até ao jogo do tudo e o do seu contrário para que nunca falhe.

Nenhum deles aponta luz, nenhum explica porque é que Gaspar não se dirige aos portugueses em alemão, nem qualquer um ajuda a perceber a técnica que usa o Primeiro-Ministro para não gargalhar de gozo sempre que anuncia nova porrada ao País.

É limpinho que precisamos de mudar de elenco e de guião. Já não nos bastava termos de aturar os efectivos, ainda temos de apanhar com os reservistas.

Não resta pachorra.

É limpinho que só Jesus se salva neste purgatório de mortos-vivos e zombies pós-jogo que povoam as televisões aos fins-de-semana.
LNT
[0.092/2013]

quarta-feira, 17 de abril de 2013

Diálogos

CenouraDomingo
O provável futuro dirigente de um dos tentáculos da Troika recebe os funcionários que hão-de ser seus subordinados quando for corrido de Portugal, que lhe transmitem ter vindo à Lusitânia a mando de quem os mandou (o alemão nunca foi o meu forte) com o intuito de fingirem que impõem aquilo que o seu alegado futuro chefe quer impor à populaça.

Gaspar monta-se no Mercedes (ou Audi) e vai até São Bento dizer ao seu testa-de-ferro que tem de fazer um número de circo e chamar ao palácio o líder do maior Partido da oposição para que os jornalistas escrevam que ainda vivemos em democracia.

2ª Feira
Não se passa nada. A equipa Benetton aproveita o Sol e o vinho português e aguarda que o seu futuro chefe lhes mostre o plano que terão de validar como se fosse seu.

3ª Feira
Coelho mete no correio a carta que Gaspar lhe entregou para ser dactilografada em papel timbrado da Presidência do Conselho de Ministros e manda o recado à rapaziada dos jornais para fazerem escarcéu à volta do assunto.

4ª Feira
Seguro acede, uma vez mais, a tentar dialogar com o Primeiro-Ministro. Na sessão de esclarecimento é confrontado com um PowerPoint acabado de chegar via eMail contendo o plano B que sempre foi o plano A do "mais-para-além-da-troika".

O Conselho de Ministros, o Primeiro-Ministro, os Ministros, o líder do maior Partido da Oposição, a Troika, a Concertação Social e o diabo que os carregue são confrontados com a decisão irreversível de Gaspar.

Os portugueses hesitam entre emigrar ou desligar as televisões.

O Sol ainda brilha para todos e não tarda estaremos a comemorar mais um 25 de Abril (possivelmente com os dirigentes da República fechados num bunker não vá uma maluquinha começar a cantar uma área qualquer ou o valente e duro PCP ligar os megafones com os acordes da Vila Morena, contra o Pacto de Agressão e na defesa da Reforma Agrária)
LNT
[0.058/2013]

quinta-feira, 17 de março de 2011

A procissão

Pé de Franciscano
À frente vão os meninos de coro com as asinhas de branco imaculado, pés descalços e cabeça baixa.

Segue-se o Senhor dos Passos, traje roxo, numa antevisão da explosão dos jacarandás.

O altar montado em Belém aguarda as oferendas e penitências para redimir as contrições.


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Procissão


Tocam os sinos da torre da igreja, / Há rosmaninho e alecrim pelo chão.
Na nossa aldeia que Deus a proteja! / Vai passando a procissão.

Mesmo na frente, marchando a compasso, / De fardas novas, vem o solidó.
Quando o regente lhe acena com o braço, /Logo o trombone faz popó, popó.

Olha os bombeiros, tão bem alinhados! / Que se houver fogo vai tudo num fole.
Trazem ao ombro brilhantes machados, / E os capacetes rebrilham ao sol.

Tocam os sinos na torre da igreja, / Há rosmaninho e alecrim pelo chão.
Na nossa aldeia que Deus a proteja! / Vai passando a procissão.

Olha os irmãos da nossa confraria! / Muito solenes nas opas vermelhas!
Ninguém supôs que nesta aldeia havia / Tantos bigodes e tais sobrancelhas!

Ai, que bonitos que vão os anjinhos! / Com que cuidado os vestiram em casa!
Um deles leva a coroa de espinhos. / E o mais pequeno perdeu uma asa!

Tocam os sinos na torre da igreja, / Há rosmaninho e alecrim pelo chão.
Na nossa aldeia que Deus a proteja! / Vai passando a procissão.

Pelas janelas, as mães e as filhas, / As colchas ricas, formando troféu.
E os lindos rostos, por trás das mantilhas, / Parecem anjos que vieram do Céu!

Com o calor, o Prior aflito. / E o povo ajoelha ao passar o andor.
Não há na aldeia nada mais bonito / Que estes passeios de Nosso Senhor!

Tocam os sinos na torre da igreja, / Há rosmaninho e alecrim pelo chão.
Na nossa aldeia que Deus a proteja! / Já passou a procissão
António Lopes Ribeiro
LNT
[0.091/2011]