domingo, 3 de abril de 2016

O que sobrou

PinNeste fim de semana em que Passos Coelho se consciencializou de que o PSD não se podia manter no exílio, aconselhou a sua gente a fazer do PPD um Partido da oposição, de preferência o Partido líder da oposição.

Evidente que esse conselho não se aplica a ele próprio, uma vez que para si reserva a condição de Primeiro-ministro no exílio como faz questão de afirmar com o uso do pin que inventou para o seu ex-governo, ou melhor, para o seu ex-ex-governo uma vez que que a invenção foi do governo que existiu antes do nado-morto com que Cavaco fez questão de encerrar as suas hostilidades antes de partir para o convento.

Por isso encerrou o Congresso à boa maneira de qualquer comício Norte-coreano onde espingardeou banalidades para "a ventoinha", como ele gosta de dizer, e fez um ataque de gargalhada à Terra do Sol Nascente. Coreano, mais coreano, não podia ser. Só lhe faltou um ensaio nuclear.

Em conclusão, para quem teve pachorra de acompanhar os farsantes da festa laranja e de ouvir as discursatas de lamento e dor por lá recitadas, fica o retorno do PPD-PSD à democracia portuguesa, ao seu lugar de oposição, comandado por um bi-ex-Primeiro-ministro-exilado, sem nada de novo para além das promessas de que, se lhe permitirem voltar, voltará para tirar tudo o que puder tirar, para além da Troika, com as portas abertas para a emigração dos jovens e com a Ministra das finanças a tiracolo.

Ou por outras palavras, o que sobrou deste fim de semana político foi um pin na lapela, um alfinete de peito.
LNT
#BarbeariaSrLuis
[0.025/2016]

sexta-feira, 1 de abril de 2016

A Geringonça está no ar

GeringonçaSem ser mentira do dia um de Abril, a Geringonça está no ar.

Daquilo que tive oportunidade de ver, trata-se de um Blog (ou similar) bem estruturado e com humor suficiente para que seja seguido com atenção.

Tem igualmente presença no Twitter, Facebook e YouTube.

Lê-se na sua apresentação:

"A geringonça governativa nasceu após várias esquerdas concordarem que seria melhor mudar do que manter uma solução de governo demissionária face ao futuro do país. Assim se fez e continua a fazer história na democracia portuguesa.
O novo espaço político gerado por este compromisso parlamentar deve continuar a ser aprofundado. Deve até ser celebrado. Daí esta Geringonça digital.
A Geringonça é um exercício colectivo de opinião à esquerda e informação às direitas, orientado por uma agenda que todos entendemos ser necessário discutir publicamente, independentemente da esquerda que aqui nos trouxe.
Sendo um exercício coletivo para um espaço plural é, naturalmente, um sítio em que as posições são individuais. Por isso, não se surpreenda se aqui vir, às claras, tantos pontos de convergência quantos de discussão. Nós chamamos-lhe progresso."
É subscrito por: Maria João Pires, Pedro Sales, Tiago Antunes, Luis Vargas, Vasco Mendonça, David Crisóstomo, Ana Martins, João Martins, Sofia Cordeiro e Patrícia Gonçalves.

Fica inscrito na lista de links da coluna da direita.

Desejo-lhes sucesso.
LNT
#BarbeariaSrLuis
[0.024/2016]

quinta-feira, 31 de março de 2016

Túberas

TúberaO belo exemplar reproduzido à direita foi uma oferta/troca por um ovo que fazia falta ao meu vizinho do lado atarefado com uma açorda e recém-chegado das terras onde os alentejanos incestam antes de se pendurarem pelo pescoço num qualquer chaparro, como diria o Raposo deserto por promover gratuitamente uma obra da moda.

A Malou, sempre atenta ao que por aqui se publica, deixou-me a dica para acasalar a túbera (num tupperware) com os ovos com que a hei-de comer, para que eles assimilem os seus perfumes.

Logo ao jantar darei o tratamento que o fungo merece para o fazer de entrada.

Quanto ao resto vão por aqui. Ficarão a saber tudo o que interessa.
LNT
#BarbeariaSrLuis
[0.023/2016]

Pessoa esgotado

Pomar - Fernando Pessoa
Deus quer, o homem sonha, a obra nasce.
Deus quis que a terra fosse toda uma,
Que o mar unisse, já não separasse.
Sagrou-te, e foste desvendando a espuma.

E a orla branca foi de ilha em continente,
Clareou, correndo, até ao fim do mundo,
E viu-se a terra inteira, de repente,
Surgir, redonda, do azul profundo.

Quem te sagrou criou-te português.
Do mar e nós em ti nos deu sinal.
Cumpriu-se o Mar, e o Império se desfez.
Senhor, falta cumprir-se Portugal!
Fernando Pessoa - Mensagem

Agora sim, cumpriu-se o desígnio português. Camões, Gama, Cabral e Pessoa podem descansar finalmente e, mesmo não sendo uma polis, a cidade do futebol dará novos mundos ao Mundo.

Cumpriu-se Portugal!

Bem hajam!
LNT
#BarbeariaSrLuis
[0.022/2016]

quarta-feira, 30 de março de 2016

Dos PMS sociais-democratas

Poor meCosta esteve bem no debate que hoje travou no Parlamento, numa assembleia que, como diria o Arroja, está acrescido com mais uma esganiçada, desta feita líder do CDS-AC.

Pena que tarde o fim do “poor me syndrome” (PMS) estampado nas ventas do Primeiro-ministro exilado e que condiciona o PSD pelo "self-pity sound" que Passos Coelho lhe impõe.

Gostei especialmente de ficar a saber que será o Programa de Reformas, agora aberto à discussão para contributos e propostas de melhoria, que irá determinar o PEC. Já não era sem tempo que em Portugal se começassem a distinguir os objectivos dos meios para os atingir.

Resta agora aguardar que o PSD realize o seu primeiro congresso no exílio para ficarmos a saber se pretende voltar à realidade ou se se vai continuar a condicionar ao pin que o seu norte-coreano líder obcecadamente exibe na lapela.
LNT
#BarbeariaSrLuis
[0.021/2016]

terça-feira, 29 de março de 2016

Deixem-se de merdas

Libertação de prisioneiros políticos

Não sei se escrever merda é uma falta de educação neste Portugalinho cada vez mais correcto, amistoso, menos crispado e principalmente a tender para o consensual e afectuoso.

Mas seja, ou não, escrevo que é bom que se deixassem de merdas do tipo "à justiça o que é da justiça" e de outras merdas semelhantes quando querem esconder o cinismo e não se pronunciam sobre o julgamento político que foi feito em Angola contra a liberdade de opinião.

É que a justiça só é justiça em democracia e Angola, que se saiba, anda longe, muito longe desse regime.

Seria como se os povos estrangeiros não se tivessem pronunciado quando, em Portugal, se prendiam as pessoas por delito de opinião no tempo da outra senhora alegando que não se queriam imiscuir na "justiça" de um Estado Soberano.
LNT
#BarbeariaSrLuis
[0.020/2016]

sexta-feira, 25 de março de 2016

Bonam festa paschalia

Ovo
Aos meus amigos desejo Boa Páscoa.

Assim mesmo, sem mariquices, pratinhas e, especialmente, sem coelhos.

(e aos meus inimigos também)
LNT
#BarbeariaSrLuis
[0.019/2016]

Sextas-feira santas e não só

Diana 27

Na adolescência passei muitas Pascoas no Casal de São José, em São Jorge da Várzea, lá para as bandas de Felgueiras.

Era sabido que nessa altura nada de televisões, nem rádios. Um livro “sério” à noite e às refeições peixe, e pouco, que o tempo era de jejum.

Na sexta-feira santa saíamos em bando para o campo de Diana27 ao ombro, pontaria afinada e, no cinto, um fio em laços de forca que esperavam pelos pardais e melros que se distraíssem em reflexões pascais. Às 15 horas, alertados pelos sinos, dobrávamos as armas e fazíamos os três minutos de silêncio da praxe, especados quase em sentido, a fingir a pungência enquanto tirávamos as coordenadas dos chilreios infiéis que aumentavam na ordem inversa do nosso silêncio e falta de movimento. Depois íamo-nos a eles sem dó nem piedade porque, mesmo sabendo-os também filhos de Deus, tinham desrespeitado a quietude exigida.

Coisas da fé.

Ao voltarmos para casa no fim da jorna deixávamos a passarada pendurada na adega, de patinhas para o ar, a aguardar pelo sábado santo, que isso da depena e fritura era trabalho, logo inviável em dia santo.
LNT
#BarbeariaSrLuis
[0.018/2016]

segunda-feira, 21 de março de 2016

Dos empichamentos

Órgão de MafraAgora que o acordo ortográfico anda por aí, os nossos queridos jornalistas e comentadores importaram mais uma expressão do português do Brasil e, diga-se de passagem, raramente uma expressão dos nossos irmãos de além-mar foi tão bem assimilada pelo calão do politiquês lusitano.

No Brasil andam a tentar empichar a Dilma, uma expressão forte, mas bem entendida por todos, mesmo pelos que normalmente se abstêm dos palavrões e do calão.

Por cá é o São Pedro que nos empicha a Primavera. Quando todos esperávamos que os passarinhos acasalassem e que as florinhas brotassem, os cumulonimbus cercaram a capital e despejaram toneladas de gelo empichando as intenções dos passarinhos e atrasando os rebentos hortícolas.

Em terras cubanas também se empicha nos tempos que correm. Obama foi com a família e a sogra visitar La Habana enquanto os cubanos, de bandeirinhas americanas na mão, gritavam por Fidel e Obama, uma espécie de hossana dos tempos novos, multiculturais e ecuménicos, ou seja, um empichamento adjacente ao triângulo das Bermudas de Raúl (mano menor do grande e decrépito revolucionário).

Voltando aos limites da Europa, dois empichamentos estão também em curso no dia de hoje. O primeiro e mais grave, diz respeito à rolha que a União comprou para fazer da Turquia um dos maiores campos de concentração do Mundo. O outro, um empichamento menor perto da terra deles, dos empichamentos das Caldas, onde Marcelo reuniu as tropas e mandou dar uso ao órgão, no Convento.

De resto tudo como sempre, mais empichamento, menos empichamento, cá nos vamos governando entre as geringonças, zingarelhos e traquitanas. Empichados, mas felizes.
LNT
#BarbeariaSrLuis
[0.017/2016]

quinta-feira, 10 de março de 2016

Dos aplausos e ausências

Shame on YouVai para aí um burburinho dos diabos sobre as palmas que se batem, ou não, no hemiciclo e sobre a deselegância da recusa de comparência de um chefe de governo exilado a um almoço de Estado.

Sobre a primeira coisa deixo para depois, arrumando já o segundo acontecimento com uma evidência: Um exilado é um exilado e um exilado que se preze não pode, sob qualquer pretexto, arregaçar as mangas, pôr o babete ao pescoço e partilhar de um repasto pago pelo pote, agora que já lá não tem as manápulas.

Passo então às palmas. Julgava que a forma de protesto parlamentar mais grave era a ausência da sessão e que a segunda mais grave seria a pateada. Mas uma vez mais eu, que por vezes me engano e que por outras tantas não tenho razão, vim a descobrir que aquilo que entorna o caldo do rebanho é um Deputado, ou uma ou mais bancadas partidárias, absterem-se de aplaudir ou de se levantar no final de uma alocução. O BE, o PCP e o PEV deveriam ter vergonha, até porque o discurso foi inclusivo e, numa altura em que se critica o PSD por ser alheio à discussão do Orçamento de Estado, deveriam ter ovacionado sem reservas as palavras de Torga.

É uma vergonha este atentado às boas-maneiras perpetrado pela engrenagem que dá suporte à Geringonça. Como diria qualquer inglês do seriado Yes Minister: - Shame on you!

E por hoje, dia em que o circo ainda anda na rua e se respira de alívio por se terem finalmente arejado as bafientas salas do Palácio de Dom Manuel de Portugal, é tudo.

Agradecido, voltem sempre.
LNT
#BarbeariaSrLuis
[0.016/2016]

quarta-feira, 9 de março de 2016

Bom dia Sr. Presidente

Marcelo Rebelo de Sousa

Seja bem-vindo e não se esqueça que Portugal é dos portugueses.
Essencialmente é isto que esperamos de si.
Sucesso para V.Exª. e para todos nós.
LNT
#BarbeariaSrLuis
[0.015/2016]

terça-feira, 8 de março de 2016

Uma palavra de gratidão

Cavaco Silva Luís Novaes Tito Carolina Tito de MoraisGrato por ter conseguido passar dez anos em Portugal sem um Presidente que me representasse desejo ao cidadão Aníbal Cavaco Silva longa vida e salutar aposentadoria.

Cá estaremos, com todo o gosto, disponíveis para a pagar (a aposentadoria e outras benesses), na certeza de que agora todos ficaremos melhor.

Palavra de gratidão dita e escrita passemos ao que interessa.

Marcelo Rebelo de Sousa, Presidente que daqui a será empossado, não foi eleito com o meu voto mas isso não lhe retira um milímetro da representação que lhe reconheço, aliás na sequência do seu discurso inclusivo proferido no dia das eleições.

Desejo-lhe os maiores sucessos políticos e pessoais no mandato que agora inicia.
LNT
#BarbeariaSrLuis
[0.014/2016]

domingo, 6 de março de 2016

Não se saneia um líder exilado

Passos Kim Coelho

Leio que Pedro Passos Coelho foi reeleito líder do PSD após uma campanha sem adversários.

Os 95% obtidos são nada demais num tempo em que a política portuguesa está de tal forma na mó de baixo que ninguém sente impulso para batalhar os poderes constituídos, principalmente se eles forem de efectivo poder (caso de Costa no PS) quer de poder exilado, como Coelho pretende continuar a gostar de se sentir.

O PSD mantém a senda de se julgar com direito a governar por ter ganho as eleições e olha para as votações realizadas na casa da democracia republicana como uma afronta que se aproveitou dos votos dos portugueses para não lhe permitirem o Governo de minoria que ainda ensaiou, apostando na desobediência dos deputados incentivada pelo apelo que o Presidente da República cessante lhes dirigiu.

Coelho nunca terá a humildade de perceber que deveria ter dado lugar a um candidato a Primeiro-ministro que pudesse reconduzir o PSD ao poder, como aliás o fizeram o parceiro Portas que cedeu o lugar à pupila e agora a sua putativa sucessora Maria Luiz que debandou estas lides trocando os segredos que adquiriu no recente mandato pelas trinta moedas que os necrófagos lhe pagaram.

O líder da situação no exílio confirmou nesta eleição Kim Jong-Uniana que a sua ambição do poder é à prova do bom senso que o deveria ter advertido para o beneficio de renovação que abrisse novos caminhos, caso se venham a realizar eleições parlamentares ainda este ano, única forma para que o exílio a que Passos Coelho obriga o PSD pudesse extinguir-se, tornando-o no Partido líder da oposição com ambições de poder.
LNT
#BarbeariaSrLuis
[0.013/2016]

terça-feira, 1 de março de 2016

Há mais de cinquenta anos a tentar bombar

Bomba

Imaginam uma bomba de vácuo de baixo caudal a ensaiar bombar a atmosfera há mais de cinquenta anos?

Agora imaginem uma bomba de vácuo, que precisou de cinquenta anos para ser montada, a iniciar a bombagem e a quem, no meio tempo da sucção planeada, lhe entrou uma geringonça maltrapilha pela manilha avariando-lhe a membrana suctória e fazendo-a vomitar boa parte da sucção entretanto esgalhada.

Imaginem a utilidade que terá uma bomba de sucção de tal forma avariada que já nem as suas irrevogáveis peças desmontadas servem como sobresselentes de uma nova traquitana sugadora.

Imaginem o mau funcionamento de um aspirador que exala.

E se a imaginação não der para tanto, imaginem um coelho soprador, frustrado, a bombar para um rastilho no meio de uma floresta pronta para a cremação dos cavacos e das compostagens conseguidas com a degradação que a sucção desenfreada provocou nos últimos anos.
LNT
#BarbeariaSrLuis
[0.012/2016]

sábado, 27 de fevereiro de 2016

Palonços, toca a dividir

DividirRio-me com as palavras caídas em desuso, ou só ouvidas quando saímos para os locais em desuso, assim como me dá vontade de chorar quando oiço algumas palavras em uso, ou ouvidas frequentemente nos locais de uso corrente dos dias que correm.

“Não calquem o desgraçadinho” ouvido em tempos numa arruada nortenha ou “estamos perante um caso cuja repetição já ultrapassa os dois dígitos” ouvido todos os dias numa qualquer televisão ou conferência de gente esperta, são alguns desses exemplos sendo que calcar é coisa de pisar e o segundo é coisa digital.

Isto para não falar na linguagem gestual que complementa a novilíngua, como o inconseguir, acompanhada com os dedinhos das duas mãos a esgatanhar a representação dumas aspas.

Mas esta converseta vinda do nada, que parece irrelevante num tempo bué do africânder yá, em que se torna normal dizer na despedida: «continuação», em vez de simplesmente se desejar um bom dia, ou tarde, ou mesmo um: «até já», foi só um motivo para usar a palavra que inscrevo no título do post, no dia em que continua a dar controvérsia a forma idiota de dividir por crenças e descrenças o que é transversalmente aceite, ou recusado, independente das fés.

Palonços, só isso.
LNT
#BarbeariaSrLuis
[0.011/2016]

quarta-feira, 24 de fevereiro de 2016

Countdown

Adeus Cavaco

Não, isto não é uma coisa irracional ou, sequer, uma coisa de ódio.

Antes pelo contrário, desejar que, quem tão mal fez a Portugal, se retire com a dignidade que impossivelmente não lhe foi possível embora tudo se tenha feito para que assim fosse é quase um acto de amor, embora de um amor masoquista.

Faltam exactamente para que os portugueses possam finalmente, ao fim de décadas, verem-se livres do sectarismo, amuo, tabu e pesporrência de alguém que evocou, como primeira qualidade para ser eleito, o facto de ser economista mas que não deixou de ter no seu mandato um pedido de auxílio externo por iminência de banca rota.

Às nove horas do dia nove do terceiro mês de dois mil e dezasseis voltaremos a ter um Presidente de todos os portugueses.

Viva! Urra!

LNT
#BarbeariaSrLuis
[0.010/2016]

domingo, 14 de fevereiro de 2016

E porque hoje é dia dos namorados consumidores

Pepe Le PewTodas as cartas de amor são
Ridículas.
Não seriam cartas de amor se não fossem
Ridículas.

Também escrevi em meu tempo cartas de amor,
Como as outras,
Ridículas.

As cartas de amor, se há amor,
Têm de ser
Ridículas.

Mas, afinal,
Só as criaturas que nunca escreveram
Cartas de amor
É que são
Ridículas.

Quem me dera no tempo em que escrevia
Sem dar por isso
Cartas de amor
Ridículas.

A verdade é que hoje
As minhas memórias
Dessas cartas de amor
É que são
Ridículas.

(Todas as palavras esdrúxulas,
Como os sentimentos esdrúxulos,
São naturalmente
Ridículas.)

Álvaro de Campos, in "Poemas"
LNT
#BarbeariaSrLuis
[0.009/2016]

terça-feira, 9 de fevereiro de 2016

Dá com uma, tira com a outra

Deve e HaverContinuamos a ouvir os fazedores de opinião a inventar a roda mesmo depois de milhares de anos após a descoberta da roda redonda.

Sabemos agora, e estranhamente isso faz parangonas, que o Governo dá com uma mão e tira com a outra quando desenha um orçamento, mesmo tendo a noção de que não há orçamentos sem duas colunas: a do deve e a do haver.

Podia fazer aqui um boneco das duas colunas para mais fácil compreensão mas prefiro deixar à inteligência de cada um o esforço de imaginar a folha em branco dividida verticalmente por uma linha e, em cada metade, os respectivos valores das receitas e das despesas, onde as receitas, depois de se ter espoliado o Estado de todas as empresas rentáveis, terão de ser o resultado de contribuição dos cidadãos e as despesas serão a distribuição das receitas de forma a criar serviços que todos sirvam, a pagar os calotes e a garantir que os mais desprotegidos passem a ter mínimos de subsistência.

Não parece grande exercício de inteligência, mas nota-se ser um exercício que continua a proporcionar flores e dificuldades de entendimento, principalmente a quem se recusa a perceber que nas receitas o mais lógico é ir a quem mais tem, a quem mais sobra, para compensar a quem mais falta depois de garantir a todos e em regime de gratuitidade tendencial os serviços que a Constituição garante.

Por isso é verdade que qualquer orçamento tira com uma mão e dá com a outra, mas um orçamento equilibrado tirará sempre com uma mão direita a quem mais tem, para dar com a mão esquerda a quem mais precisa garantindo pelo meio, saúde, educação e segurança a todos a quem tira e todos a quem dá.
LNT
#BarbeariaSrLuis
[0.008/2016]

terça-feira, 26 de janeiro de 2016

Está livre, Senhor Presidente?

Marcelo Rebelo de Sousa

Depois de ouvir o discurso de vitória de Marcelo Rebelo de Sousa posso afirmar que tenho, de novo, um Presidente da República.

Que diferença para o discurso na noite da vitória feito de ódio e de nojo que Cavaco proferiu ao ser eleito e reeleito.

Marcelo não era o meu candidato, como se sabe, mas independentemente de todas as críticas e comentários que eu lhe possa tecer futuramente, vejo nele um Presidente da República, coisa que me foi alheia nos últimos dez anos.

E como não pode deixar de ser, reconheço-lhe alguns tiques inquietantes, mas nenhum deles sequer se aproxima de ser um antidemocrata, um ditador ou muitas das outras parvoíces que vi e ainda vejo por aí especadas.

Há muitos assuntos a analisar nesta eleição que vão desde a derrota humilhante do ex-clérigo do PCP, ao suicídio masoquista que o BE promoveu através da “candidata engraçadinha e com um discurso populista” quando resolveu trazer à liça o falso debate das subvenções em vez de se concentrar no ataque a Marcelo, passando pelas tricas internas do PS que alguns continuam a querer identificar mentirosamente com Seguro e os seus ex-apoiantes e com a ainda mais mentirosa fantasia de que Guterres tivesse alguma vez mostrado interesse em ser candidato. Lá irei um dia destes, caso consiga paciência para tanto.

Quanto ao meu candidato, António Sampaio da Nóvoa, só lhe posso deixar a minha gratidão pela disponibilidade que teve, pela campanha que fez e pelo discurso com que se despediu.

Como diria o Solnado:

Está livre, Senhor Presidente? Então leve-me ao Estádio da Luz.
LNT
#BarbeariaSrLuis
[0.007/2016]

domingo, 24 de janeiro de 2016

Votar

Presidenciais 2016Às 16:00 horas só tinham votado 37,69% (número interessante, como diria Mota Amaral) dos eleitores (território nacional).

Fraquito resultado de gente que acha ter todos os direitos mas que se abstém de os praticar usando toda a espécie de desculpas para ficar livre para a crítica inconsequente.

Sei que muitos comentadores e jornalistas dizem e escrevem que os cidadãos deste País estão cansados de campanhas e eleições, deixando a sensação que a fadiga que os incomoda é o mote para justificar a fraqueza que os deixa esparramados nos sofás a lamentar as escolhas dos outros. Imagino o cansaço que essa gente teria sentido se tivesse de se ter batido pelo direito ao voto e pela liberdade que hoje tem e desperdiça.

Desta vez, mesmo que acenassem com a fraca qualidade das campanhas, havia candidatos para todos os gostos.

Aguarda-se que as urnas fechem para ver este bando de almas penadas começar a arrastar as correntes do resmungo sem nada terem feito para que algo fosse diferente.
LNT
#BarbeariaSrLuis
[0.006/2016]

sexta-feira, 22 de janeiro de 2016

A uma unha negra

Pavilhão do Presidente da RepúblicaEstamos a uma unha negra de conseguir a segunda volta das presidenciais, o que será a segunda vez que acontece desde que vivemos em democracia.

Como se sabe, serei eleitor de Sampaio da Nóvoa, o que não me impede de fazer o apelo para que todos os que não querem ver Marcelo Rebelo de Sousa a substituir o ainda Presidente Cavaco, não deixem de ir votar no próximo Domingo, em Sampaio da Nóvoa, ou em qualquer outro candidato que não Marcelo.

Considero como suicida o ataque demagógico e populista feito contra a candidatura de Maria de Belém, apontando-lhe a responsabilidade por ser uma das subscritoras de um pedido de constitucionalidade de um diploma legal, como se não fosse obrigação de qualquer deputado zelar pela constitucionalidade das Leis produzidas nos País, especialmente se for pretendente ao cargo de Presidente da República. Foi absolutamente suicida por ter sido uma (falsa) polémica levantada por uma candidatura de esquerda – e já nem vale a pena referir que essa candidatura é de uma deputada ao Parlamento Europeu, a quem se aplica o art.º 15 do Estatuto desses deputados – o que poderá provocar que muitos votos tendencialmente dirigidos a Maria de Belém passem para a abstenção, para o voto branco ou nulo, ou para o candidato de direita.

O mal está feito e da responsabilidade de se progredir da unha negra à morte na praia, já a esquerda não se safa.

Por isso, uma vez mais, deixo o meu apelo para que, todos os que não querem mais do mesmo na Presidência da República, não deixem de se apresentar às urnas para se expressarem validamente contra o revanchismo da direita e obrigar a realização de uma segunda volta onde haverá forte hipótese de eleger um Presidente mais solidário, fraterno e presente.

Se possível façam-no votando em Sampaio da Nóvoa, mas se ainda não for possível fazê-lo nesta primeira volta, apoiando qualquer outro candidato que não Rebelo de Sousa.

Estamos a uma unha negra de fazer História.
LNT
#BarbeariaSrLuis
[0.005/2016]

terça-feira, 12 de janeiro de 2016

Novos tempos

Para um Tempo Novo

Houve um tempo em que não poderia haver campanha eleitoral sem haver Blogs (oficiais ou só de apoio) aos candidatos que se faziam a todas as eleições. Hoje, a coisa transitou mais para as outras redes sociais, Face e Twitter.

Felizmente alguém ainda mantém a praxe dos blogs. Desejo a JPN e aos seus companheiros sucesso nesta esperança de um novo tempo com António Sampaio da Nóvoa.
LNT
#BarbeariaSrLuis
[0.004/2016]

domingo, 10 de janeiro de 2016

Sinal do tempo que passa

Sampaio da NóvoaOs tempos estão de chuva. Os novos e os velhos tempos, se é que há tempos novos e velhos e se é que se poderá chamar novos tempos ao desengonço que por aí vai.

Por não saber se há tempo, por se terem deixado as presidenciais para o fim dos mesmos - uma armadilha lançada por Marcelo que não necessitava de tempo e que foi secundada por muito(a)s que não perceberam a cilada do silêncio - e no cansaço da mudança dos tempos que uns dizem residir numa realidade inexistente e outros na inexistência de realidade, decido-me finalmente por um dos três candidatos que gostaria de ver na segunda volta destas presidenciais.

Reconheço não ser o que mais facilmente mereceria o meu voto, principalmente por não o conhecer pessoalmente e nunca ter com ele participado em qualquer luta que me lembre, mas é decididamente o que melhor se posicionou, a meu ver, para recolher na segunda volta o maior número de apoios que possam proporcionar a Marcelo mais uma derrota para somar a todas as outras que conseguiu sempre que se dispôs a concorrer a eleições políticas fora do seu Partido.

Sampaio da Nóvoa demonstrou que é o candidato que, caso consigamos evitar a eleição de Marcelo à primeira, neste tempo que não é novo nem velho por ser somente um anúncio de outros tempos, poderá derrotar o candidato da direita democrática na segunda volta e tudo aquilo que ainda lhe desconheço deixou de ser um entrave para a minha confiança desde já.

Maria de Belém, que conheço há muito e com quem já travei partidária e politicamente muitos momentos de poder e de cidadania, não me deixou agora a esperança necessária para vencer este desafio e, Henrique Neto, com quem estive e estou de acordo com muito do que tem dito e feito toda a vida, não me convenceu da possibilidade de atingir esse objectivo.

Marcelo, a quem vejo muitos dos meus camaradas e amigos diabolizar como se fosse um antidemocrata, coisa que entendo como uma falta de senso só possível num tempo de desnorte e de luta eleitoral tem, no entanto, de ser travado por todos os votos que se possam recolher fora da sua candidatura, razão suficiente para que nesta primeira volta me recuse a fazer campanha, embora não possa deixar de anunciar publicamente que confiarei a esperança deste combate em Sampaio da Nóvoa.
LNT
#BarbeariaSrLuis
[0.003/2016]

terça-feira, 5 de janeiro de 2016

Presidenciais

Pavilhão PRAinda bem que assisti aos debates de ontem entre Marisa Matias e Rebelo de Sousa e entre Maria de Belém e Henrique Neto. Ainda bem porque senão ia ficar convencido, pelos comentários que hoje li, de que Marcelo tinha sido engolido por Marisa e de que Belém tinha sido mastigada por Henrique.

Do que vi, Marcelo pareceu-me especialmente bem ao ter sido confrontado com os habituais temas fracturantes que continuam a ser as únicas bandeiras do BE, por ter afirmado que não deixaria de promulgar os diplomas aprovados na AR, independentemente deles serem, ou não, do seu agrado. Esta posição deixou-me descansado sobre o exercício do cargo para que concorre uma vez que também não considero que a opinião pessoal do Presidente da República sobre temas não essenciais para os portugueses seja objecto do poder de veto.

Do que vi, Maria de Belém pareceu-me especialmente bem no abespinhamento contra Neto quando ele deixou matérias de índole pessoal para um período em que ela já não poderia defender-se. Saiu-se mal Henrique Neto que passa a vida a evocar a ética e depois procede desta forma.

Para que não restem dúvidas, mantenho que o meu voto servirá para provocar uma segunda volta.

Num tempo de total ausência de propostas empolgantes pelos actuais candidatos à Presidência da República e depois da descredibilização do cargo provocada pela desastrosa partidarização e facciosismo de Cavaco, acredito que a abstenção irá atingir níveis nunca antes alcançados o que levará Marcelo a instalar-se no Pátio dos Bichos logo à primeira contagem dos votos.

Os portugueses parecem já ficar suficientemente satisfeitos por verem pelas costas o Presidente mais detestado desde sempre (Cavaco), conforme se pode observar pelos estudos de opinião, e esse facto determina a irrelevância (para mim absurda porque já deviam ter aprendido com Cavaco a importância que o lugar tem) e, ou não votarão, ou votarão em qualquer candidato desde que lhe seja simpático, uma vez que nenhum deles se destaca pela positiva.
LNT
#BarbeariaSrLuis
[0.002/2016]

domingo, 3 de janeiro de 2016

Barba non facit philosophum

Ano novoBom 2016, meus e minhas caros e caras leitores e leitoras.

Como podem ver adoptei a forma, ou fórmula, politica e idioticamente correcta para iniciar os textos desta Barbearia no ano, num português anti- AO e sem capacidade de assimilar o androcêntrico como capacidade de escrita assexuada.

Assim, minhas caras e meus caros clientes, fica provado que a passagem do ano é pouco mais do que a ultrapassagem de determinado ponto da translação da Terra que, embora este ano vá sofrer a correcção de um dia para acertar os devaneios dos anos anteriores, nada acrescenta ao fogo-de-artifício e às bebedeiras do fim-do-ano a não ser umas rugas aos nossos rostos.

Costuma ser uma época de balanços que me dispenso de fazer porque as tonturas da idade que avança aconselham, cada vez mais, ao caminhar direito com postura correcta da coluna, embora seja indispensável observar os que se curvam sob o peso acumulado nos ombros pelos que lá se encavalitam.

Vamos nisto. Deixemos que se percorram trajectos esconsos que, de escombro em escombro, farão cair de mais alto quem os escolheu como caminho, saudemos os construtores das novas veredas e a partida, de rastos, de quem por cá viveu quase quarenta anos acima das suas e das nossas possibilidades.

Se poderem evitem os debates presidenciais, as conferências dos Conselhos de Ministros e as intervenções do Parlamento, evitem.

Tenham um ano divertido, já que nada indica que será bom.

Riam-se muito, porque de siso não há ventura.
LNT
#BarbeariaSrLuis
[0.001/2016]