segunda-feira, 2 de fevereiro de 2009

Botão Barbearia[0.093/2009]
Jazigos de família e swingPerigo - GOLF

O nosso vizinho João Tunes, do Água Lisa(6), aborda a questão que mais me tem feito reflectir nos últimos tempos: - Deveremos, perante uma campanha política cínica e anónima, entregar o poder a Belém através do apodrecimento de uma única figura que, após ter provocado o estado calamitoso em que se encontra a ideologia, deixará o colectivo partidário à beira do orfanato?

A resposta imediata é não e ainda mais veemente, antes o PS/Sócrates, do que o PSD/Leite. Morte de ideologia por morte de ideologia, prefiro a política que mantém a doutrina nos seus fundamentos à de políticos que repudiam a política.

Manuela Ferreira Leite, moeda boa de Belém, tenta passar a imagem anti-política que Cavaco cultivou nos seus mandatos de executivo e que ainda hoje demonstra quando é abordado para comentar a situação política portuguesa. No tempo de executivo atafulhava-se de bolo-rei e agora, em posição majestática entre dois sorrisos e o swing do campo de 18 buracos, evoca razões de estado para manter o silêncio, como se o seu silêncio não se devesse quebrar perante as "fontes da Presidência" que tanta água inquinada têm brotado, as fugas ao "segredo de justiça" que tanta injustiça tem criado e a "boataria lançada pelo anonimato" em que os cobardes do costume se escudam com o argumento da liberdade.

Se Ferreira Leite viesse a herdar o poder, não o faria por valor próprio, que poucos lhe reconhecem, mas por jogos de bastidores que já foram jogados em circunstâncias anteriores ao longo da História, incluindo na História recente.

Seria o acumular do poder nas mãos do Presidente que foi eleito na campa da ideologia aproveitando guerras fratricidas de famílias desavindas.

No entanto parece impossível a concretização do desejo do João Tunes de ver sair do próximo Congresso do PS a solução que protagoniza, por duas razões: 1 - Porque o Congresso já está antecipadamente concluído e o Líder decididamente escolhido; e, 2 – Porque ressuscitar a ideologia requer tratamento de choque e isso não se consegue com intenções.

Para finalizar deixo um conselho: - Não se façam enterros de mortos-vivos, mesmo que as procissões fúnebres estejam a ser ensaiadas com togas e cabeleiras empoadas. Também aqui, o anúncio da morte precoce pode ser manifestamente exagerado.
LNT
Rastos:
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-> Água Lisa João Tunes - Devolver a decisão política aos que elegem e aos que são eleitos

4 comentários:

Cecília disse...

Não se trata de enterrar mortos-vivos, Luís. Politicamente, esta situação vai tornar-se, em breve, insustentável para José Sócrates.
O PS tem de estar preparado para isso e agir quanto antes se não quiser perder as próximas eleições.

maloud disse...

Parece que o festim está a esmorecer. Já consigo ver cerca de meia hora de notícias.

contradicoes disse...

Não concordo com o ponto de vista da comentadora Cecília, isto porque do que venham constatando é exactamente uma reacção adversa aquela que pretendem os promotores da campanha difamatória. Já há quem por força da raiva que tal campanha suscita se disponha votar no PS, pelo que a mesma o vai favorecer.

Luís Novaes Tito disse...

Não sei Cecília. Sei que em política ninguém morre.

Quanto ao PS estar preparado penso ter deixado explícito no meu texto.

O Raul também diz um pouco daquilo que me parece e estas campanhas em Portugal nunca têm tido resultados favoráveis a quem as levanta.

Como diz a Maloud hoje já foi possível ver um noticiário com notícias que não passem pelos parentes do PM.

Teremos de aguardar para ver e não partilho da ideia de que os Partidos devam ajudar quem se lhes opõe a abater os seus líderes.

Abraço