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segunda-feira, 8 de julho de 2013

7º dia

Morto-vivoSe as contas não se enganam, deveríamos estar hoje a celebrar a Missa de sétimo dia de um defunto que se encontra na morgue a aguardar decisão de cremação ou de empalhamento.

Para empatar, o médico legista-chefe anda às voltas com o fígado e outras miudezas que retirou no decurso da autópsia do cadáver para estudar a compatibilidade consensual que demonstre haver hipótese de reengenharia que, segundo o manual de Mary Shelley, viabilize a reactivação de alguns sinais vitais.

O doloroso acontecimento e a forma como se arrastam os preparativos fúnebres estão a deixar em elevado estado de ansiedade toda a comunidade indígena, incluindo os herdeiros, os deserdados, os gatos-pingados e os coveiros que, pelo menos, exigem que os restos mortais abandonem a morgue e sejam expostos como corpo presente para receberem as lágrimas ou os aplausos que as comunidades julguem ser-lhe devidos.
LNT
[0.219/2013]

quinta-feira, 27 de setembro de 2012

Deus é poder

Coroa de EspinhosVamos olhar para isto tentando não fazer demagogia, embora se pasme com o facto de que este conselho tenha sido solicitado por quem puxa da moral para se opor ferozmente ao direito ao aborto (IVG) e ao direito à morte assistida (eutanásia).
O Conselho Nacional de Ética para as Ciências da Vida (CNECV) emitiu um parecer em que defende que o Ministério da Saúde “pode e deve racionar” o acesso a tratamentos mais caros para pessoas com cancro, sida e doenças reumáticas.
Vivemos tempos em que, por ser impossível controlar as receitas dos que escapam (a economia paralela já está avaliada em 25% da economia contributiva) (o BPN é um produto místico) (as despesas das empresas municipais são tabu) (as PPP são casos do foro sobrenatural) (as pensões e outras regalias dos intocáveis – por exemplo as dos gestores e ex-gestores de inúmeras empresas públicas, do Banco de Portugal e de uma mão cheia de políticos que estão ao encargo do Estado por terem andado pelos Passos Perdidos), temos de esmiuçar os que estão controlados e neles extinguir as manias piego-humanistas e o direito à assistência, à dignidade e à vida.

Parece-me correcto que o beato ministro Macedo ambicione um upgrade e, em vez de procurar a santificação, se bata pela deificação. Este parecer abre-lhe a perspectiva de poder decidir a vida e a morte dos outros e, aplicando-se a mesma lógica de custo/benefício, deveria também dar-lhe poderes para decidir sobre amputação em caso de mau funcionamento dos órgãos. São casos a considerar as unhas encravadas que implicarão o corte dos dedos, as hemorróidas que implicarão o fecho dos cus, e os testículos a serem capados a todos que sofram das doenças do poder.

Isso tudo e mais, desde que as palavras “voluntário” e “direito” desapareçam porque remetem para o pecado. Aborta-se por vontade de Deus (a tal questão da deificação do ministro referida anteriormente), morre-se por vontade divina, procria-se por tesão celeste e terá de se sofrer à mão destes animais por ser esse o destino traçado superiormente.
LNT
[0.453/2012]

terça-feira, 21 de setembro de 2010

Aqui de’l rei! Mataram o Carrilho

Canos de armaEscrever pode ser uma arma manhosa que tem um gatilho no centro e canos simétricos inversos. As miras afinadas nas duas pontas não deixam dúvidas de que ao produzir o disparo se comete suicídio.

No entanto estas armas só estão disponíveis para os bafejados com favor e, como diz o ditado, não se cospe no prato em que se come.

É da vida!
LNT
[0.320/2010]

segunda-feira, 28 de abril de 2008

Botão Barbearia[0.388/2008]
Passagens

A vida, mesmo a de massa sólida, é coisa de filamento. A consequência última de nascer aplicada a quem tem projectos e, previsivelmente, tempo para os cumprir é sempre mais dura, mais irracional e mais inaceitável. Não viver é tramado mas morrer é, para quem fica, muito pior.
LNT
Com o Mané e a Raquel no pensamento