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quinta-feira, 18 de março de 2010

Flor sem tempo

FlorJovens em matilha entre a Praça de Londres e o Júlio de Matos, desenfiados das aulas. Bicas na Mexicana, Vává, Londres, Roma, Suprema, Luanda, ou noutros pontos de café e bilhar que faziam gala de ter avisos a proibir o estudar.

O mais parecido com a zorra do imperialismo, Schweppes Canada Dry SpurCola com limão e gelo, refrescava impulsos. Os tanques de Praga não deixaram grandes amores pela vodka ou pelos puros, falava-se de outras coisas, mais Levi's e Wrangler, as quecas loucas e mágicas à beira do Tamisa, da maconha que o Cabeça de Vaca dera a provar no regresso dos turras e da capa do 33 r.p. chegada do longo curso que o pai do Carlos fazia.

No pensamento, outras gangas e camuflados.

Os tipos de gravata preta, nó de sebosa finura na mesa do lado, faziam que as conversas mais fortes fossem codificadas e em surdina, enquanto ela de minisaia, na mesma rua, na mesma cor, passava alegre e sorria amor. Amor nos olhos, cabelo ao vento, gestos de prata, de flor sem tempo. Era dela o mundo e a certeza de viver.

Jovens em 71, primavera política (dizia-se), o Botas morto e enterrado, as negras deixadas pelas bastonadas do dia anterior conseguidas no aperto à porta do D. Pedro V depois de fazer circular o A4 borrado na associação de farmácia e o Paulo ao barulho, a deixar-nos no ouvido:

Canta o sol que tens na alma, és a flor de ser feliz.
Olha o mar da tarde calma, ouve o que ele diz.

LNT
[0.109/2010]