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segunda-feira, 24 de novembro de 2008

Botão Barbearia[0.932/2008]
Quem, eu?Avestruz

Houve um tempo em que até os barbeiros conseguiam juntar um pé-de-meia. Foi num tempo anterior ao tempo da "tanga", num tempo em que as pessoas comuns tiveram alguma folga no fim-do-mês.

Nesse tempo tentava-se rentabilizar o amealhado procurando na banca as possibilidades de o multiplicar. Normalmente eram sugeridos diversos produtos, uns com mais risco do que os outros e havia o cuidado de se seleccionar o que mais convinha, certificando-se minimamente sobre as garantias e o modo de aplicação que seriam dados às economias.

Hoje, depois da "tanga", sabe-se que estes cuidados do barbeiro-comum não são regra para quem investe os seus pés-de-meia.

Parece que agora, leia-se: de há uns anos para cá, o dinheiro que sobra, leia-se: daqueles que não estão de tanga, é entregue aos bancos sem o cuidado de se saber como vai ser aplicado, só interessando o que dessas aplicações resulta.

Daí a inocência e a admiração quando agora muitos ficaram a saber que afinal o seu dinheiro financiava negócios escuros e ilegais. E o que mais espanta em tudo isto é que não se trata de barbeiros meios-analfabetos, por esses, em tempo "pós-tanga", não poderem constituir poupança. Essa doce ignorância serviu para remunerar o pé-de-meia de muitos intelectuais, da nata-da-nata das elites e, imagine-se, até de Doutores de economia e finança que não se preocuparam com essas minudências.

Como diz um velho ditado, ou coisa que o valha: "A dinheiro bem remunerado, não se olha o dente".
LNT
Nota: Muito interessante esta reflexão da Helena em resultado deste "Quem, eu?"