quinta-feira, 31 de março de 2011

Não é tudo a mesma coisa

o PS em Congressos (cronologia)


Em paralelo com a realização do XVII Congresso Nacional do PS, que se realizará na próxima semana, irá decorrer a exposição "o PS em Congressos" (cronologia).

Trata-se de uma viagem portuguesa iniciada antes da liberdade até ao presente, enquadrada por uma faixa cronológica e composta por um painel de imagens por Congresso representantes dos factos mais relevantes ocorridos entre a data da realização desse Congresso e o que se realizou a seguir.

Os painéis agrupam-se em conjuntos por Secretário-Geral e são complementados com audiovisual.
A equipa que produziu esta exposição foi composta por: Adelaide Condeço, Custódia Fernandes, José Neves, Luís Novaes Tito, Noémia Barroso e Osita Eleutério.
A promoção foi do Secretariado Nacional do PS representado por André Figueiredo.
Irá ler-se na folha incluída na pasta dos congressistas:
(...) "Coisas tão simples e normais nos dias de hoje como, por exemplo, o divórcio, o passaporte europeu, a livre expressão, o acesso à banda larga, a tolerância ao diferente e o reconhecimento de direitos iguais, o direito ao ensino público, a garantia de subsistência e de cuidados de saúde, a autonomia regional e a abolição do serviço militar obrigatório, foram conseguidas com o envolvimento dos socialistas e, na maior parte das vezes, por sua iniciativa e liderança.
É um orgulho pertencer a este grupo de milhões de cidadãos que sempre se bateram por Portugal e pela qualidade da cidadania." (...)

É também um orgulho ter participado nesta equipa maravilha que conseguiu concretizar, em menos de dois meses, uma exposição que, sendo forçosamente incompleta, permite demonstrar que "não é tudo a mesma coisa" e que aconteça o que vier a acontecer, o Portugal de hoje é muito melhor do que aquele que saiu da ditadura.

LNT
[0.109/2011]

Já fui feliz aqui [ DCCCLXXVI ]

Terra
Terra - Sistema Solar
LNT
[0.108/2011]

quarta-feira, 30 de março de 2011

Na Páscoa até os coelhos põem ovos

AR em obras - Fotos António ColaçoEle não suportava estar arredado da cadeira do hemiciclo. Manuela, a cruel, num dos seus últimos actos como chefe do baronato tinha-o excluído da importância dos pares.

Todos tinham o seu tempo de borla. Até Manuela, Pacheco e os outros perdedores. Ele, para aparecer, tinha de se arrastar pelos jantares da carne assada, tinha de convocar os media a recibo verde, inventar casos, dizer coisas, dar e levar abraços, beliscões e beijos, uma canseira.

Ele, o chefe, não podia suportar a sombra, o esforço, o dizer vazio para parecer que dizia, e os outros, os já ex, mantinham-se presentes nas imagens fugidias do Canal Parlamento, nos directos, indirectos e montagens, à entrada dos Passos Perdidos, à porta da casa de banho, nos corredores com a campainha a tocar, rodeados de flashes, de luzes da ribalta, de canetas pejadas de inutilidades e dos empurrões das estagiárias em busca de uma vida menos parva numa qualquer redacção.

Declarou-se farto e se não podia apresentar as suas razões para tal frustração, criou outras que se prendiam com o inevitável, fazendo da inevitabilidade o bode expiatório da sua raiva e enviou definitivamente a Nação para a condição de manada de mansos sem pasto nem ração.

Passos Coelho não suportou ser moeda má nem estar longe dos Columbanos e da talha doirada dos Passos que ainda haveremos de ver se não terão sido Perdidos.
LNT
Fotos: António Colaço
[0.107/2011]

الطيب محمد البوعزيزي‎

Mohamed BouaziziFez bem em lembrar.

Tarek al-Tayyib – trato-o pelo primeiro nome para parecer-lhes tão íntimo como os cínicos que o visitaram na sua agonia de 18 dias – é o sinal dos tempos, o resultado do desespero de quem nada mais tem do que a sua vida para protestar.

A Helena fez o mínimo que se pode fazer a quem prefere uma morte em protesto do que uma vida em escravatura. Bem-haja por isso.
LNT
[0.106/2011]

Já fui feliz aqui [ DCCCLXXV ]

Tobias e Mimi
Família Tobias - Lisboa - Portugal
LNT
[0.105/2011]

terça-feira, 29 de março de 2011

Do medo

Ron Mueck
Há gente que tem medo de tudo, até do seu reflexo no espelho. Até do espelho, não vá ele não o reflectir.

Há sempre alguém que nos diz: - tem cuidado, como canta o Represas.

Há sempre quem, de ter tanto medo, se esquece de viver. Quem prefira a vidinha à vida e morra de medo sem nunca se ter atrevido a correr o risco de morrer para o combater.

LNT
[0.104/2011]

Já fui feliz aqui [ DCCCLXXIV ]

Luises
Tempos de namoro - Lisboa - Portugal
LNT
[0.103/2011]

segunda-feira, 28 de março de 2011

Do sótão

FuryQuando eu era miúdo vivia com uma matilha de irmãos numa moradia em São Domingos de Benfica. Na nossa rua só haviam mais duas casas, outras moradias iguais à nossa que se distinguiam pela cor dos frisos da fachada.

Na casa ao lado moravam uns refugiados alemães da segunda grande guerra, talvez um pouco mais velhos que a minha mãe. Ele, alto e reservado. Ela, que tinha um nome que não sei escrever mas que soava em português “Fiuri” (a quem nós chamávamos Madame Fury – o Cavalo Selvagem, como tínhamos aprendido na série que na altura passava na televisão), fazia-nos tremer de medo cada vez que uma bola mais alta passava o muro e aterrava no meio das rosas do outro lado. Quase sempre cabia-me ter de ir buscar a bola, coisa própria para um dos mais novos que, com mais ou menos resmungos alemães, de lá regressava com o rabo entre as pernas mas com o esférico debaixo do braço.

A Madame Fury – o Cavalo Selvagem, ficou-me guardada num qualquer recanto da memória e foi preciso passarem todos estes anos para a rever, embora mais peituda e anafada, na figura de mad. Dorothea a barafustar no seu melhor alemão contra as tretas portuguesas, a falta de tempo de Cavaco e a infantilidade de Coelho.
LNT
[0.102/2011]

Já fui feliz aqui [ DCCCLXXIII ]

Évora
Évora - Alentejo - Portugal
LNT
[0.101/2011]

quarta-feira, 23 de março de 2011

Foi tudo muito rápido

Gunter GrassEle, omnipotente, deu-lhe na veneta e de três paus fez uma canoa em seis dias. Ao sétimo, em vez de descansar conforme previsto e porque ainda não se tinha inventado a bisca lambida, resolveu matutar e, da serradura dos três paus, fez o cavaco para que o fogo crepitasse e se incendiasse a pasmaceira.

Mais tarde, vendo o homem triste sacou-lhe uma costela e dela fez melhor uso. Tudo coisas aparentemente boas mas que são a razão de todas as preocupações.

Tudo Ele fez em seis dias, quase tantos como os que passaram tão rápido para tão lento pensamento, passamento, desforra, ou lá o que é.

Sei que dantes o tempo precisava de tempo. Os jovens iam passar férias abnegadas com a canhota debaixo do braço para o mato tropical, havia o dia da raça e a raça de gente que nos havia de ter calhado. Mas isso era dantes.

Agora o tempo passa sem que se dê por isso. Deve ser efeito da reforma.
LNT
[0.100/2011]

Já fui feliz aqui [ DCCCLXXII ]

Jú Novais
Jú Novais - Cascais - Portugal
LNT
[0.099/2011]

terça-feira, 22 de março de 2011

Sócrelho versus Coelhócrates

Cavaco aos figosCavaco, a quem tudo se permite e para quem a comunicação social nunca olha com a mesma intensidade com que olha para outros actores políticos, possivelmente pela sua cassete de político apolítico, atirou para a praça, em tempo de venda de sonhos, que a sua não eleição à primeira volta implicaria a subida de juros nos "mercados". Foi eleito à primeira e os juros ainda não pararam de subir, coisa nunca mais referida. Adelante!

Cavaco anunciou, no tempo da venda de sonhos, que a sua magistratura se basearia na negociação de soluções e que, decorrente da sua formação nas áreas da economia, Portugal iria estar melhor preparado para o que aí vinha. Da negociação de soluções foi o que se viu. O discurso limão da vitória e o discurso toranja da posse foram marcas registadas da negociação que pretendia fazer. Da sua vantagem de ser economista, os resultados estão à vista e não precisam de comentários.

Resta a capacidade de gestão política para termos um quadro completo do que representa Cavaco neste seu segundo mandato.

Pelo que se apercebe dos bombardeamentos mais ou menos dramáticos que nos vão entrando em casa todos os dias, a solução Sócrates ou Passos Coelho é a mesma, ou seja, aquela que foi enunciada na semana passada na UE e que amanhã vai a votos em São Bento. Resta saber se a gestão será Sócrelho ou Coelhócrates. Para tal, Cavaco deixa "correr o marfim" e dá indicações para que se comece a limpar o pó das urnas onde iremos depositar o voto e possivelmente enterrar a esperança.

Se o que aí vem for gestão Coelhócrates, Cavaco ainda vai ter alguma coisa para se agarrar mas, se for uma gestão Sócrelho, foi tudo em vão. A inabilidade do Presidente da República fica patente, pela desnecessidade, pela ruína e pelo mal que resultará de tudo isto para todos nós, incluindo os da facção com quem ele não está a ajustar contas.

Sei que se diz que cada povo tem aquilo que merece mas, ainda assim, merecíamos mais e melhor do que isto.
LNT
[0.098/2011]

Já fui feliz aqui [ DCCCLXXI ]

Sardinhas assadas
Olha a bela da sardinha assada - Portugal
LNT
[0.097/2011]

segunda-feira, 21 de março de 2011

A Ocidente nada de novo

ArmaAí estão de novo os senhores da guerra convencidos que são as suas explosões que irão definir a vontade dos povos.

Aí estão os demagogos da morte a anunciar que aquilo que o Ocidente está a fazer na Líbia é um novo Timor e a defesa dos mais fracos contra a tirania.

Aí estão as indústrias da guerra a precisar de esvaziar paióis, de exercitar os seus homens e de manter as fábricas a funcionar.

Aí está a falta de bom senso que não entendeu que se os Líbios queriam a interdição do espaço aéreo era para evitar que os aviões de Kadaffi os matassem cobardemente e não por preferirem ser mortos pelos canhões e mísseis das democracias do belicismo.

Aí estão os cínicos que há meia dúzia de dias abraçavam o tirano em troca duns barris de petróleo ou de uns negócios chorudos, a chorar lágrimas de crocodilo.

Aí está a hipocrisia de quem deixa morrer no Darfur mas que, em nome do petróleo, diz pretender evitar a morte de uma facção numa guerra civil, matando-a, se for necessário.

Lembro-me de Portugal e dos rumores da ameaça de uma esquadra americana quando o povo e as Forças Armadas portuguesas tratavam de enviar Caetano para a Ilha da Madeira, lembro-me de Timor que não estava em guerra civil mas a tentar libertar-se duma invasão estrangeira, lembro-me principalmente do Vietname onde se morreu em troca de nada e em nome de uma pretensa liberdade.

E comparando o que é comparável, só a última (a do Vietname) se aproxima à intervenção que os aliados estão agora a fazer na Líbia.
LNT
[0.096/2011]

Já fui feliz aqui [ DCCCLXX ]

Lisboa
Lisboa - Portugal
LNT
[0.095/2011]