terça-feira, 12 de abril de 2011

Longe da rua

Arte Sacra - ÓbidosTudo muito arrumadinho.

Cabelos penteados, escanhoados perfeitos, actores perdidos pelo teatro (e que bons teriam sido no Dona Maria), contrastes perfeitos entre as mangas de camisa de colarinhos abertos, na nave, e as monocolores berrantes da moda ao pescoço, no altar.

A Missa seguiu os cânones. Música sacra, te deum, leituras, homilias, consagração, venha a nós o vosso reino, a bênção final e até alguns milagres. Fé, houve muita fé, e esperança também.

E o sussurro permanente:
Agnus Dei, qui tollis peccata mundi, miserere nobis

E o murmúrio em surdina:
Agnus Dei, qui tollis peccata mundi, dona eis requiem sempiternam.
LNT
[0.125/2011]

Já fui feliz aqui [ DCCCLXXXII ]

Perigo de Camelos
Jámé - Península de Setúbal - Portugal
LNT
[0.124/2011]

segunda-feira, 11 de abril de 2011

Por falar em enlatados

Porco ARDesculpar-me-ão a publicidade mas à marca Nobre associo, sempre, fiambre da pá, salsichas enlatadas, enchidos de miudezas e outros produtos de fast food.

Depois de se ter inventado que os órgãos maiores dos Partidos (os Congressos Nacionais) se destinam a propaganda política em substituição da discussão das linhas programáticas e de orientação política que os regem;
Depois de se ter inventado que as legislativas se destinam a eleger Primeiros-Ministros em substituição de deputados nacionais;
Inventa-se agora que o Presidente da Assembleia da República, segunda individualidade na hierarquia do Estado, eleito pelos seus pares em sufrágio interno na Assembleia da República, passe a ser objecto de propaganda no sufrágio universal e directo. Ainda por cima, o cargo de Presidente da Assembleia da República tem um vincado peso político partidário porque quem se senta na Assembleia da República são os Partidos políticos e até os independentes a eles estão vinculados. No nosso regime constitui uma grave distorção atribuir o cargo de Presidente da Assembleia da República a um "independente".

O descrédito total da nossa democracia representativa vai em crescendo. O oportunismo toma definitivamente conta de tudo. Quem ouviu Fernando Nobre em campanha das presidenciais dizer-se independente dos partidos e agora o vê avançar com este embuste, deve estar a tentar arranjar argumentação para justificar tanta mentira e desonestidade. Aproveito para lembrar que há cinco anos Manuel Alegre concorreu às presidenciais como independente e sem apoio dos Partidos e quando o Partido Socialista o contactou para que integrasse as listas de deputados ele recusou, mesmo sendo militante do Partido Socialista. Realmente não é tudo a mesma coisa. As pessoas distinguem-se pela ética e pela honestidade.

Desta vez Manuel Alegre foi candidato à Presidência da República com o apoio oficial de Partidos. É militante do Partido Socialista. No Congresso Nacional realizado no último fim-de-semana circulou que iria ser convidado para encabeçar a lista do PS por Coimbra. Na altura achei bem que ele não aceitasse (assim como achei bem que ele aceitasse fazer parte dos órgãos directivos do PS). Neste momento mudei de opinião. Entendo que Manuel Alegre deverá, para além de fazer parte dos órgãos nacionais do PS, ser cabeça de lista por Coimbra (ou qualquer outro círculo eleitoral) e, quando for o tempo disso, deverá ser candidato a Presidente da Assembleia da República, apresentando-se aos deputados como alternativa ao candidato já anunciado por Passos Coelho.

Sei que George Orwell quando escreveu o Triunfo dos Porcos fazia uma alegoria a outras realidades mas, nos tempos que correm, adapta-se como uma luva às "correntes independentes" que, de serem tão independentes, só aguardam a oportunidade para ganharem o poder e dele fazerem, depois de assassinarem a ideia da doutrina, a pocilga do porco mais igual.
LNT
[0.123/2011]

Já fui feliz aqui [ DCCCLXXXI ]

Allô, allô
Allo, allo - Série
LNT
[0.122/2011]

sexta-feira, 8 de abril de 2011

Oiçam bem

Salvador DaliAdianta enumerar todas as causas que nos trouxeram até aqui. Importa fazê-lo para que no futuro se possam evitar os erros cometidos no passado. É imprescindível identificar os autores desses erros, não com o intuito de os fustigar até porque muitos deles terão agido em boa consciência e convencidos de que estavam certos (e entregar à justiça os que agiram por mal), mas de forma a referenciá-los para nos ajudar a excluí-los em escolhas futuras.

No entanto não o farei agora. O que pretendo neste momento é que oiçam bem um conselho da rua.

A ajuda que aí está não é muito diferente de um crédito de sobrevivência pessoal. Quem ajuda diz-nos que temos de consumir menos, de consumir melhor e de produzir para que os bens consumíveis fiquem disponíveis. Pouco lhes importa se o dinheiro que nos emprestam é consumido em lagostas para dois dias ou em açorda para trinta. Só nos dizem que o dinheiro para consumo é só aquele e que o dinheiro emprestado se destina a produzir para podermos pagar o empréstimo e para não termos de pedir outro. Só nos dizem que o dinheiro é um bem raro e caro tendo por isso que ser tratado com cuidado no consumo e com inteligência na produção.

Por isso, meus senhores façam o favor de ouvir bem!

Tratem com sabedoria o que agora vão receber e tratem de não excluir nem matar as pessoas. O que tem de ser feito tem de ser por e com elas, reduzindo todos os lixos que não interessam, retirando privilégios, cortando gorduras e exterminando parasitas. E já agora anotem que desta vez me parece que se o não fizerem a bem, vão acabar por fazê-lo a mal.
LNT
[0.121/2011]

quinta-feira, 7 de abril de 2011

Maria Emília, uma mulher de armas

Maria Emília e Manuel Tito de MoraisSe houve mulher que se distinguiu na formação e consolidação do Partido Socialista foi Maria Emília Tito de Morais, uma das suas fundadoras. Maria Emília não foi uma mulher qualquer. Casada com Manuel Tito de Morais aguentou com estoicidade os exílios, as prisões, a luta e a valentia do seu marido com quem repartiu essas privações com uma determinação e coragem invulgares. Depois do Vinte e Cinco de Abril foi uma das pedras basilares na organização e na comunicação do Partido Socialista.

Hoje partiu em paz e amanhã estará na sede nacional para se despedir de todos os seus amigos e camaradas. A toda a sua família, ao Luís, ao Manuel e especialmente ao meu muito amigo Pedro deixo um grande abraço solidário e fraterno.

O enorme respeito e amizade que tenho por Maria Emília obriga-me a este testemunho público.
LNT
[0.120/2011]

terça-feira, 5 de abril de 2011

Os do costume que paguem a crise

Zzaga Jepsen
"Que sirva de lição a quem andou sempre com "paninhos quentes" a proteger o contrário do preceito constitucional que garante estar assegurado o primado do Estado de Direito democrático com base na soberania popular, no pluralismo de expressão e organização política democráticas. Sempre que a banca foi tratada de forma desigual, fomos nós, contribuintes iguais, que tivemos de pagar mais. O "primado" da finança prevalece."
Foi assim que resolvi introduzir esta notícia da Agência Financeira no FaceBook. Parece mais uma tirada demagógica e certamente é mesmo, dirão.

Pelo menos dirão num País que mantém em liberdade (ou livremente condicionados) alguns dos colarinhos brancos que ajudaram a atirar-nos para o buraco em que estamos hoje.

Pelo menos dirão os que nunca entenderam que, nos países civilizados, a banca tem direitos e deveres iguais aos de qualquer outro sector da economia.

Pelo menos dirão ser atrozmente demagógica, quem deixou correr as promessas de mel que agora, em altura de aperto, se transformam em chantagem sobre o primado do Estado de direito democrático.

Por cada cêntimo beneficiado pela banca ou objecto de tratamento desigual em sede de fisco e de apoio, todos nós tivemos de ser mais e mais contribuintes.

Foram esses beneficiados que agora se reuniram para demonstrar por a+b que quem manda são eles e para decretar que serão os do costume quem irá pagar a crise.
LNT
[0.119/2011]

Já fui feliz aqui [ DCCCLXXX ]

Manuela Jardim
Manuela Jardim - Portugal
LNT
[0.118/2011]

segunda-feira, 4 de abril de 2011

Barda-merda, não era, almirante?

Homem do Coco e da bicicletaO Presidente da República (dos portugueses que nele votaram) vem, mais uma vez, através do FaceBook apelar à união de esforços e à abnegação de quem lhe paga as pensões depois de se ter esquecido ou, conforme ele disse, "depois da rapidez dos acontecimentos que o levou a esquecer" a urgência para evitar o mal-maior.

No País dos novos-ricos, dos patos-bravos e dos chico-espertos, elegeu-se o mal-menor de uma facção com os votos e a abstenção de parte da outra facção que argumentou não estar disposta a ceder ao seu próprio mal-menor.
(Digo isto com a ressalva de que sempre considerei o opositor de Cavaco como um bem-maior)


Portugal merecia melhor.

Nenhuma nação sobrevive tantos séculos com dirigentes tão medíocres se não tiver um povo extraordinário. Embora se insista em tratar-se de "um povo que não se governa nem se deixa governar" e com isso se argumente que tem de vir alguém de fora para pôr isto na ordem, o povo, que sempre se governou, vai continuar a demonstrar que se aguenta com ou sem o chicote externo.

E o Presidente (dos portugueses que nele votaram) bem pode continuar a usar o FaceBook, que o povo não usa, não conhece, nem sabe o que é, para dizer aos novos-ricos, patos-bravos e chico-espertos que a nova União Nacional será a salvação da democracia que ele quer tutelar agora que já arranjou tempo, depois de ter criado essas condições com a sua inoperância, que os portugueses tratarão de lhe demonstrar que tudo isto é mais uma das razões que levam um povo sábio a não se deixar governar por tão má casta.
LNT
[0.117/2011]

Já fui feliz aqui [ DCCCLXXIX ]

Rennie
Rennie - Azia - Portugal
LNT
[0.116/2011]

domingo, 3 de abril de 2011

Cretinice

Águia e GatoAinda que a azia possa ser forte, há determinados momentos em que é preferível viver e deixar viver a escurecer e regar os nossos adversários.

Há muitas razões para ganhar e perder mas há uma que é sempre válida, quando se prende com as regras do jogo, que consiste no mérito.

Quando um País até consegue fazer do desporto mais uma ocasião para demonstrar a sua intolerância e os dirigentes do maior clube português transformam uma derrota num ressabiamento desesperado, está tudo dito.

A nossa águia não merecia tão mau comportamento.
LNT
[0.115/2011]

sábado, 2 de abril de 2011

Já fui feliz aqui [ DCCCLXXVIII ]

Jantar Alegro
Jantar do Blog Alegro (2011.04.01) - Palácio da Independência - Lisboa - Portugal
LNT
[0.114/2011]

A mim ninguém me cala *

PinóquioFoi, realmente, uma mentira do primeiro de Abril.

Talvez não seja impossível, mas será muito difícil que alguém me cale em troca do que quer que seja. Comovido pelo vosso interesse e simpatia (aqui, no Blog e no FB) estarei enquanto achar que tenha alguma coisa de interesse, ou até sem nenhum, que me dê satisfação partilhar com todos vós que têm a pachorra de me aturar e ler. Grande abraço deste vosso barbeiro digital.
LNT
* Expressão conhecida...
[0.113/2011]

sexta-feira, 1 de abril de 2011

É da vida

SPAA vida tem voltas imprevisíveis.

Quando abri esta loja há uns anos, nunca pensei que poderia ter de a vir a trespassar por razões ligadas a desafios incompatíveis com o corte de gadelha electrónico e o escanhoar fininho de opinião.

Mas a vida é o que é e existem propostas irrecusáveis. Ao colocar este SPA em suspensão não apresento despedidas porque a única que conheço é a morte.

Concretiza-se, hoje, a troca do meu silêncio em público por valores mais altos.
Até breve.
LNT
[0.112/2011]

Já fui feliz aqui [ DCCCLXXVII ]

Monica Belluci
Monica Belluci
LNT
[0.111/2011]