sexta-feira, 28 de junho de 2013

Cegos

FisgaHá quem prefira chamá-los de invisuais, assim como há quem fale de raças para dizer etnias e quem chame de palhaço a gente que nunca fez sorrir.

Cegos de cegueira total. Gente sem qualquer percepção da luz e que, apesar da escuridão total em que vive, nunca conseguiu desenvolver os outros sentidos.

É disso que os líderes europeus padecem. Não ouvem, não cheiram, não saboreiam nem sentem aquilo que a sua cegueira não deixa ver.

Entretanto o radicalismo extremista vai conquistando a Europa. Mais tarde ou mais cedo vai ser necessário repegar no machado.
LNT
[0.196/2013]

Poder e dever

YesPode-se ir para a praia em dia de Greve Geral? Pode-se!
Deve-se ir para a praia em dia de Greve Geral? Deve-se, se estiver bom tempo!

Pode-se cortar estradas em dia de Greve Geral? Pode-se!
Deve-se cortar estradas em dia de Greve Geral? Deve-se, se estivermos em regime revolucionário!

Pode-se ser discriminado em dia de Greve Geral? Pode-se!
Deve-se ser discriminado por se ser grevista (como maus) ou por se ser fura-greves (como bons)? Deve-se, se estivermos perante um Governo autista e desrespeitador dos cidadãos que governa!

Pode-se preferir o trabalho à Greve Geral? Pode-se!
Deve-se dizer que os cidadãos devem trabalhar em vez de fazer Greve Geral? Deve-se, se for dito por um Governo incentivador do trabalho ou se, pelo menos, não for dito por um Governo que é o principal instigador da greve daqueles a quem ainda não destruiu os postos de trabalho.
LNT
[0.195/2013]

quarta-feira, 26 de junho de 2013

terça-feira, 25 de junho de 2013

Da alma

Ampulheta
Embora mintas bem, não te acredito;
Perpassa nos teus olhos desleais
O gelo do teu peito de granito...

Mas finjo-me enganada, meu encanto,
Que um engano feliz vale bem mais
Que um desengano que nos custa tanto!
Florbela Espanca - A mensageira das violetas
Florbela escrevia sobre o amor, coisa de que os poetas dissertam em verso porque a prosa é mais propícia aos amorosos enganados pela política.

Descansem que não vou fazer uma prelecção poética. Não é matéria do meu mister, nem é norma do livro de estilo deste blog e, se posso fazer uso de quem sabe dessa poda, porque disparate a mal faria?

É inacreditável que amanhã faça anos. Tantos que lhes perco a conta e tão poucos que ainda não chegam para poder usufruir da calma que gostaria de ter, do sossego que merecia ter conquistado e do direito de não ter mais de aturar quem nunca fez por merecer ter direitos.

Chegado aqui, à idade do ouro como diz quem vende viagens e estadias, olho para os pinceis de uma vida passada entre todo o tipo de gentes e suspiro pela pressa com que tudo passou, tirando o tempo em que só havia tempo para o futuro.

Aos sessenta ainda se tenta. Valha-me isso (e a poesia).
LNT
[0.193/2013]

Já fui feliz aqui [ MCCXLVI ]

Azulejo
Azulejo (ditos populares) - Lisboa - Portugal
LNT
[0.192/2013]

segunda-feira, 24 de junho de 2013

Podia ter sido nas Caldas

VelhotesPoder, podia, mas não foi e percebe-se porquê.

Se o Conselho de Ministros desgravatado à la mode de Cristas, mas ainda assim não menos formal do que todos os outros (lá estavam as bandeirinhas e os microfones para o comprovarem) tivesse sido nas Caldas, algum dos seguidores de Bordalo teria tido a gentileza de fornecer aos dez ou onze maduros que se sentaram à mesa umas canequinhas mais consentâneas com o sentir que o povo português tem em relação à ginjinha que eles deveriam emborcar.

De resto e em relação ao conteúdo da coisa, se em vez de Alcobaça tivessem optado pelas Caldas, o resultado teria sido praticamente o mesmo.

Um cartapácio com linhas gerais sobre uma reforma do Estado para fingir que é isso que se pretende fazer e não um despedimento cego (e possivelmente selectivo por cor uma vez que até agora se tratou de nomear as chefias para o fazer) de milhares de trabalhadores e a reintrodução do Secretariado Nacional da Informação (SNI), por enquanto sem lápis azul mas com a mesma intenção de divulgação da informação pública e da propaganda política.

Andámos tantos anos a afinar o carrilhão para uma partitura tão fraca. Também pelo badalo dos sinos, nas Caldas não teria sido melhor.
LNT
[0.191/2013]

Já fui feliz aqui [ MCCXLV ]

Lua
Lua 2013.06.23 - Lisboa - Portugal
LNT
[0.190/2013]

quinta-feira, 20 de junho de 2013

Doutrina para o cumprimento dos prazos legais

Bolo ReiRápido, porque se fazia tarde, o mais alto reformado da Nação sacou da caneta e passou as férias portuguesas (o respectivo abono) lá para o final do ano, altura em que os portugueses deverão ser de novo chamados a tapar os buracos decorrentes das más previsões do Governo.

Fica assim concluído mais um processo que andava a minar o consenso do Conselho de Ministros.

Os contribuintes deverão assumir como doutrina estes ensinamentos do moderno conceito do Estado de Direito e fazer o mesmo em relação aos prazos que as leis determinam para o cumprimento das obrigações fiscais?
LNT
[0.189/2013]

Já fui feliz aqui [ MCCXLIV ]

Dinky Toys
Dinky Toys - Por aí
LNT
[0.188/2013]

quarta-feira, 19 de junho de 2013

Le cherneméléon

Camaleão
"C'est son passé maoïste qui resurgit, persifle un haut fonctionnaire, cette méthode a tué la collégialité."
O Le Monde está imparável nos piropos a José Barroso que deixou de ser Durão (para os mais fortes europeus) assim que aterrou em Bruxelas a bordo do vôo das Lages que o catapultou da tanga portuguesa para o pote europeu.

Quem se mete com os franceses, leva, (lá se vai o seguinte mandato...) e Guterres que se ponha a pau se for verdade que está na calha da ONU porque o nosso cherne é especialista, entre outros truques para ganhar a cor dos galhos onde se pendura, em deitar a língua de fora para comer as moscas que, distraídas, vão a caminho do céu. (O Vitorino que o diga)

Como escreveu O’Neill (na adaptação afrancesada contemporânea):
Sigamos, pois, o cherneméléon, antes que venha,
já morto, boiar ao lume de água, (...)
LNT
[0.187/2013]

Já fui feliz aqui [ MCCXLIII ]

Móveis alentejanos
Mobiliário alentejano - Portugal
LNT
[0.186/2013]

terça-feira, 18 de junho de 2013

Os prazeres de Manuela

Olhos MFLNão é por Manuela Ferreira Leite atacar a desastrosa política económica e financeira deste Governo que me sinto na obrigação de a defender. Lembro-me do que disse e fez quando o seu dizer e fazer tinham verdadeira relevância por se reflectirem nas nossas vidas e isso basta-me para que mantenha as maiores dúvidas sobre aquilo que diz agora (felizmente já não tem poder para fazer).

Leio, no Negócios, que Ferreira Leite, que nunca foi pessoa para evitar que os seus ódios pessoais se sobrepusessem aos interesses gerais, revela um dos seus sonhos com a seguinte expressão:

"Teria imenso prazer em que Sócrates tivesse enfrentado a troika"

Percebe-se–lhe o jogo, mas não se pode partilhar dos seus preliminares por variadas razões, de entre as quais se destaca a de que Sócrates defendeu, na altura, que a sua solução não passava pela troika e de que a troika foi imposta a Sócrates (e a todos os restantes portugueses) porque que o adversário interno de Manuela Ferreira Leite, o actual Primeiro-ministro Passos Coelho, se coligou com a esquerda à esquerda de forma a que se pudesse sentar no trono da governação para meter as mãos no pote e para descascar, até à mendicidade, quem vivesse acima daquilo que ele entendia ser as suas (nossas) posses.

Nós também teríamos tido imenso prazer em que Manuela Ferreira Leite tivesse um pouco mais de memória, mas a impossibilidade de ver esse sonho realizado inviabiliza esse deleite.

Nota de rodapé: Não, não mudei de opinião em relação ao que pensava de muitas das acções do Governo anterior. No entanto isso não me impede, tal como na altura também não me impediu de criticar o que tinha para criticar, que seja capaz de escrever aquilo que me parece correcto. Este permanente ataque ao governo anterior para tentar branquear todos os erros e malfeitorias do actual Governo, já mete nojo.
LNT
[0.185/2013]

Já fui feliz aqui [ MCCXLII ]

Cerejas
Cerejas - Portugal
LNT
[0.184/2013]

segunda-feira, 17 de junho de 2013

Sob sequestro

AtentosSabe-se que uma das máximas usadas internacionalmente é a de que não se cede perante actos de sequestro.

Entende-se, principalmente se se entender que essa máxima está redigida no impessoal porque, a ser escrita na primeira pessoa do singular ou do plural, na maior parte dos tempos, passa a ter menor sentido.

Por exemplo, se o sequestrado for qualquer um de nós ou dos nossos ou se for um de nós ou dos nossos o objecto da cedência.

O que também é uma máxima é que os sequestrados, ou os reféns, como quiserem, não têm habitualmente voto na matéria e na grande maioria das vezes não são chamados a pronunciarem-se sobre se querem ser sequestrados ou, depois de terem sido feitos reféns, se preferem que a sua libertação se processe com eles resgatados vivos em resultado de uma negociação, ou com eles mortos por efeito da inacção resultante da aplicação de máximas e de intransigência de quem tinha o supremo dever de os proteger.

É mau chamar reféns aos primeiros prejudicados de uma negociação falhada, que os não sequestra, e onde não é claro se a culpa da falha é partilhada.

Pior ainda é considerar reféns pessoas não sequestradas e confundir contrariedades com a perda da liberdade com a intenção de pressionar a liberdade dos que a têm para contradizer.

Bem vi os "reféns". Uns mais zangados que outros mas quase todos a caminho de uma galhofa qualquer na mesa do café mais perto.

Fossem assim felizes os reféns do universo, incluindo os que são reféns de um Governo que têm por missão empobrece-los.
LNT
[0.183/2013]

Já fui feliz aqui [ MCCXLI ]

CCC
Convenção sobre a Economia e Finanças - Portugal
LNT
[0.182/2013]